Entenda como as novas regras do cartão de crédito podem te afetar

Se você costuma pagar apenas o mínimo da fatura (ou nem isso), preste atenção. Entrou em vigor no dia 01/06 as novas regras na cobrança de juros dessa modalidade.

Entre outras mudanças, as operadoras dos cartões poderão definir o valor mínimo das faturas, de acordo com o perfil do cliente e do seu relacionamento com a instituição. Antes, o mínimo era fixado em 15% do valor total para todas as instituições. As medidas foram aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim de abril.

Antes, quando a cliente entrava no rotativo do cartão, mas pagava no mínimo 15% da fatura, ficava na categoria ‘regular’. Neste caso, os juros eram, em média, 239% ao ano. Já as que não pagavam nem o mínimo ficavam por até 30 dias na categoria ‘não regular’, com taxas de 397% ao ano.

A partir de agora, haverá a cobrança de apenas um valor no rotativo, de acordo com a chamada ‘taxa regular’, que deve constar no contrato e cada banco fica livre para escolher o percentual. Porém, a cliente precisa ser avisada com no mínimo 30 dias de antecedência do novo valor ser cobrado.

“Essa é uma pequena diminuição dos juros para quem não pagava o mínimo da fatura. Acredito que as novas regras terão um efeito bastante limitado nessa redução. O que pode melhorar é a relação do banco com os clientes, uma vez que isso flexibilizará o mínimo da fatura de acordo com o histórico de pagamento”, comenta Daniel Calonge, CEO da Monetus e especialista em finanças e investimentos.

O cartão de crédito, infelizmente, é um instrumento amplamente utilizado pela população em função de sua praticidade – mas isso custa muito caro. “O cartão de crédito não é o grande vilão, ele é simplesmente um meio de pagamento, uma modalidade de moeda bastante vantajosa com uma série de benefícios, como planos de recompensas, milhagens, descontos, seguros, uso de salas VIP em aeroportos, dentre outros. A questão é saber como utilizá-lo”, pontua Juliane Ganem, coach financeira.

Para ela, o grande erro está em usar o cartão de crédito como financiamento de despesas. “Na verdade você gasta um dinheiro que não tem ao usar o cartão para satisfazer uma necessidade, na maioria das vezes, supérflua. Dessa forma, você cria uma dívida que não está dentro da sua capacidade financeira e é justamente a falta de controle que gera o ciclo vicioso da dívida.”

Em modalidades como cartão de crédito e cheque especial, esse ciclo é agravado pelas altas taxas de juros que, em muitos casos, inviabilizam os pagamentos, deixando a pessoa completamente endividada. Por conta disso, o primeiro passo para se livrar das dívidas do cartão de crédito é o planejamento financeiro.

“Temos uma população que não sabe poupar, que gasta sempre mais do que ganha e não tem nenhum planejamento. Mudar as regras e diminuir os juros é apenas uma solução paliativa e não acaba com o problema central, que é a falta de educação financeira da população”, ressalta Juliane.

Como organizar a vida financeira com as novas regras?

Para conquistar uma vida financeira mais equilibrada, é preciso aprender a usar o seu cartão de crédito de forma saudável e programar-se para pagar a fatura por completo. Para isso, é importante pensar em cada compra feita, se ela realmente é necessária e evitar ao máximo estender as parcelas.

“Conhecer suas finanças e saber o quanto pode pagar te dá a segurança necessária para não cair no rotativo do cartão. O que geralmente acontece é que as pessoas se descontrolam comprando mais do que podem e não conseguem pagar o valor total da fatura. Para evitar o aperto financeiro, sugiro poupar pelo menos 20% do salário líquido, como uma forma de construir uma reserva financeira e uma garantia para possíveis surpresas no meio do caminho”, sugere Juliane.

Já tenho dívidas no cartão. O que fazer?

Se você já entrou no rotativo e não consegue se livrar dele, é preciso manter a calma e se planejar. Pense sempre que o cartão de crédito é uma forma de pagamento, não um dinheiro extra. “É preciso entender isso no momento da compra e analisar se você realmente precisa daquele item. Por ser uma forma de pagamento, é fundamental pagar a fatura toda, justamente por ser o crédito mais caro do mercado”, explica Calonge.

Outra dica de Juliane é olhar para os lados e procurar oportunidades ao seu redor, como vender roupas, eletrodomésticos e tudo aquilo que você não usa mais. Esse é o momento de fazer dinheiro para quitar a sua fatura. Se não encontrar nada, tente uma renegociação com o seu próprio banco onde tem conta, pois eles possuem linhas de crédito com taxas bem menores que a do seu cartão de crédito.

“Uma outra opção é refinanciar bens, como um carro por exemplo, com juros menores. São algumas soluções para você pagar sua fatura com as menores taxas possíveis. No entanto, a verdadeira saída, e certamente a mais eficaz, é fazer o seu planejamento financeiro e passar a dominar as suas finanças. Esse é o caminho para o sucesso financeiro”, conclui.

Via Finanças Femininas